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19 dezembro 2014

REYNALDO AZEVEDO (REVISTA VEJA)

Sabem que importância tem o acordo entre Obama e os Irmãos Castro? Nenhuma!

Cuba é um fetiche. Datado, sim, mas ainda um fetiche. Para esquerdistas e direitistas. Que importância efetiva tem no mundo? Nenhuma! De que forma pode interferir nos destinos do Planeta ou que peso político tem no Caribe ou na América Latina? Inferior a zero. Do país, restou a memória de uma revolução que seduziu esperançosos e incautos e que terminou numa ditadura feroz, ainda capaz de arreganhar os dentes ao menos aos nativos.
A chamada Crise dos Mísseis, em 1962, reforçou o simbolismo. Kruschev, o líder soviético, mandou instalar mísseis nucleares em Cuba, em suposta resposta à decisão americana de instalar esse armamento na Turquia, na Itália e na Grã-Bretanha. Teve de sair com o rabo entre as pernas. O presidente Kennedy endureceu o jogo, e o mundo chegou bem perto de uma guerra nuclear. O líder soviético acabou retirando toda aquela estrovenga na ilha.
Se querem mais informações a respeito, assistam ao magnífico documentário “Sob a Névoa da Guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNamara”, de Errol Morris, lançado em dezembro de 2003. McNamara foi o secretário de defesa dos EUA entre 1961 e 1968 e conta detalhes impressionantes daquela crise. Adiante.
Depois de uma troca de prisioneiros, o presidente Barack Obama decidiu normalizar, no limite do possível, as relações com a Cuba dos irmãos Castro. Haverá troca de embaixadores, as restrições para o envio de dinheiro à ilha diminuirão, poderá haver cooperação tecnológica etc. Ainda não é o fim do embargo, o que só pode ser decidido pelo Congresso dos EUA. Atenção: a divisão, nesse caso, não se dá entre democratas e republicanos. Nos dois partidos, há ferozes críticos dessa aproximação.
Dificilmente o embargo chegará ao fim enquanto Cuba não permitir eleições livres e enquanto o país funcionar em regime de partido único. O embargo, como já deixei claro aqui em outro texto, nada tem a ver com a penúria em que vivem os cubanos, mas fornece munição ideológica a Fidel e Raúl Castro. Se caísse amanhã, o país seguiria sendo uma fazendola de ditadores jecas.
O alarido que se faz por aí em razão desse acordo, mediado pelo papa Francisco, remete a um mundo que já não há, ainda que Cuba tenha deixado alguns maus resquícios na consciência latino-americana. Regimes excrescentes como o venezuelano, o equatoriano, o boliviano e o nicaraguense são filhos diletos do castrismo. São ditaduras mitigadas, mas ditaduras ainda assim.
Não deixa de ser curioso que o governo americano busque a aproximação com Cuba quando impõe sanções à Venezuela, que, bem, ainda não é um regime cubano, mas sonha ser. Obama logra um pequeno êxito, em meio a uma notável coleção de desastres em política externa, e os Castros conseguem uma folguinha e dão uma aparência mais civilizada à ditadura.
Só para constar: o regime comunista de Cuba, ainda em vigência, é um dos mais criminosos do planeta. Estimam-se em 100 mil os mortos de sua “revolução” — 17 mil fuzilados, e os demais, creiam, afogados, tentando deixar o país. Doze milhões de cubanos moram na ilha, mas os exilados passam de dois milhões. O regime castrista criou o primeiro campo de concentração da América Latina. O país ainda prende pessoas por delito de opinião e conserva presos políticos em suas masmorras.
Reitero: não tem mais importância nenhuma, mas restou, para os esquerdistas nada preocupados com os direitos humanos, como símbolo da luta anti-imperialista. Para os anticomunistas, como símbolo do horror de que são capazes as esquerdas quando chegam ao poder.
Assim, meus caros, deixo claro: sabem qual é o impacto que tem no mundo o acordo costurado entre Obama e os Irmãos Castro? Inferior a zero. Mas rende notícia que é uma barbaridade.
Só para não deixar passar: quem mantém relações especiais com Cuba, estes sim, são os petistas, aqui do Brasil. Afinal, a ilha recebe quase R$ 1 bilhão por mês em razão do programa “Mais Médicos”. Todo mundo sabe que o dinheiro sai. Se, depois, ele volta, não há como saber. Ditaduras não gostam de fornecer informações. E, não custa lembrar, o Brasil financiou a construção do porto de Mariel com verbas do BNDES. Quanto? A informação é considerada sigilosa.
Cuba não tem importância, mas pode servir a propósitos nem sempre transparentes dos países amigos.
Por Reinaldo Azevedo

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