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22 julho 2014

UMA POESIA EM TOM DE DESABAFO ISABEL VIEIRA, UMA PORTUGUESA

Acertos                                                        ISABEL VIEIRA   
Algures, no tempo ou no deserto de que falam tantos, anuncio O grito que me sobra na alma, ainda que eu não saiba o que lá devia estar.Grito, sim, entre a paz e a espada. Entre os versos do Corão, o Talmude ou a Bíblia Sagrada Entre os escravos de Verdi, o êxodo, e a canção que não sei se foi cantada. Grito e gritarei, mesmo só, ao som dos bramidos do mar Que me quebra como se eu fosse uma concha desgarrada Que se perde por aí em grutas e rochas escarpadas.Não tolero o grito sem medo e sem revolta  Sem me desventrar ou correr como uma corça Que se dessedenta à tardinha ou pela madrugada. Não me digam que o caminho tem asas de condor Que o amor é a fonte de vida e o calor Quando o mundo morre de guerras e de fome. Grito e gritarei pelas minhas próprias palavras Por aquelas que tenho guardadas desde o ventre da minha mãe. Hei-de tecer ao luar a minha manta de retalhos O meu cobertor de lã e todos os agasalhos Que se desprendem da noite logo que eu fique em paz. Não quero palavras ocas nem promessas de vida eterna Companhia de amigos e de abraços, só se eu der o primeiro passo  Quando nada do que  se apregoa é de graça. Nada me interesse que não seja o cerne de que sou feita A eira de milho ou a esteira de junco que cresceu rente às águas Aquelas que todos rejeitam, mas que são elas o meu sentido de mar. Nasci e cresci com o grito que ainda não dei Com o estigma que os outros cravaram em mim e que só agora sei E que só deixei na ingenuidade e na crença em promessas de contos de fadas. Se viver com este grito for anátema  E se cisternas vazias não puderem conter a minha alma escancarada Que seja o poço de Jacob a minha morada.

21-07-2014                                                                   Isabel Vieira




2 comentários:

  1. Ora aqui está o meu acerto de conta com a vida. Fica bem aqui, em ti, em mim, pelo mundo fora.
    Beijinhos

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  2. Querido Sérgio, tenho escrito algumas coisas e tenho dias em que não me apetece fazer nada. Olha, há aqui um erro ortográfico que corrigirás se assim o entenderes. Na segunda linha a contar do fim, tens a palavra "poderem". Escreve "puderem" porque o som é aberto, uma vez que se trata do futuro do conjuntivo. Beijinhos

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