A ostentação
Sempre achei que a mulher paulistana é, no geral, a mais elegante
do país, principalmente porque nela, a qualquer momento e em qualquer lugar,
podemos observar aquela máxima de que o menos é sempre mais. Passeando pela
cidade na semana passada, observava o nítido contraste entre estas e as
interioranas.
Enquanto a paulistana é uma mulher que nunca peca pelo excesso,
facilmente podemos identificar a mulher do interior do país que, pelo contrário,
peca pelo mais. São mulheres que se enchem de adereços como colares, anéis,
pulseiras, pinturas exageradas, roupas espalhafatosas, utilizam mais do que o
necessário e acabam, com isso, ficando vestidas de mau
gosto.
Nota-se claramente a paulistana como uma mulher bem resolvida,
autoconfiante, que com uma simples calça jeans, uma camisa masculina branca com
as mangas arregaçadas e uma pintura discreta a ponto de parecer não estar
pintada, está sempre bem arrumada, enquanto a outra, que pretende se passar por
elegante logo demonstra que não é.
Desde a década de 70 quando
lá residia para estudar sempre observei que as paulistanas, sem deixar de
comprar produtos da melhor qualidade, sempre fazem suas compras em locais mais
baratos e não tem sequer interesse em lojas mais badaladas,
caras.
A mulher interiorana, por outro lado, por ostentação ou por
ignorância, logo que chega à cidade procura se dirigir a lugares mais "na onda",
como aquele que até pouco tempo era o maior templo de lojas de grife do país,
também conhecido como um local cujos donos sempre estiveram envolvidos em
escândalos com a receita federal por sonegação de impostos, o que provocou seu
fechamento.
Procuro entender o que leva uma pessoa a esse comportamento, até
porque muitas dessas pessoas mal possuem o dinheiro para pagar táxi que a levou
até lá, quanto mais para frequentar locais onde todos os valores são
exorbitantes.
Conheço muitas pessoas de outros locais do país que realmente
possuem dinheiro, muito dinheiro, que não demonstram o menor interesse em fazer
compras em um local como esse, que sequer os visitam quando estão na cidade,
enquanto outras, com muito menos recursos ou com nenhuma posse, não admitem a
idéia de ir a São Paulo sem passar por locais como esses ou como na famosa rua
das lojas de grife, a Oscar Freire, mesmo sem nada comprar, mas para contar onde
estiveram mostrando fotos em que aparecem sentadas num banco diante de uma de
suas lojas e que a moda agora é isso ou aquilo.
Por diversas vezes vi pessoas deslumbradas com a ostentação de uma
famosa e das mais antigas apresentadoras da televisão brasileira que usava
anéis, pulseiras e colares de milhões de reais, valores inimagináveis para a
grande maioria da população brasileira, que se encantavam ao vê-la usando essas
jóias verdadeiras e depois buscavam usar bijuterias
semelhantes.
Não é a imaturidade que leva pessoas a esse comportamento, até
porque conheço pessoas com a idade já bem madura que muito ostentam, apesar de
não possuírem nada. São pessoas que não cresceram, continuam crianças,
dependentes, principalmente da opinião de terceiros.
Imagino como deve sofrer uma pessoa que para estar bem precisa
mostrar que está e com isso torna-se fútil, vazia, enquanto outras que sabem
quem são culturalmente, não precisam demonstrar nada, são autoconfiantes e por
onde passam são assim reconhecidas.
As pessoas que muito
ostentam podem até ser materialmente ricas, mas são culturalmente
pobres.
João Bosco Leal*
Sr Editor, solicito que envie para meu e-mail jblealms@terra.com.br , a informação do local de onde seu blog é publicado para que eu possa colocar também este dado no link que coloco em meu blog toda vez que publica um de meus textos. Veja em www.joaoboscoleal.com.br
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